Entre Primaveras,

encontro-me só, com lápis e papel na mão.

Tempo Perdido..

Somos peças inúteis num quebra-cabeça já montado.

Os Cravos..

Angustiada, andando perdida pelas ruas, como se aquele caminho fosse me levar para o outro lado do arco-íris, como se tudo já estivesse planejado. Andando pelas curvas da cidade, da monotonia, onde nada mais fazia o menor sentido, onde eu me encontrava, cega, distante, mal encaixada.

Andei, andei, andei... até não agüentar mais. Senti-me desnorteada, como se tudo fosse um grande jogo, que agora tinha perdido a graça. Para onde eu ia? Por que eu ia? Por que não voltava? Será que todo o meu percurso valia a pena? Ou será que valeria mais a pena fazer todo o caminho de volta? Será que valia a pena largar tudo? Simplesmente desistir? Parecia sempre a melhor decisão, mas será que as agulhadas, as alfinetadas, o sofrimento que encontrei durante minha caminhada fariam o caminho valer por si só? Ou será que eu deveria seguir?

Olhei para os lados. Folhas voavam, pássaros já não mais cantavam, sombras não faziam parte da trilha, tudo estava vazio. Eu estava sozinha.

Depois de muito suor, muito sufoco, cantarolei uma melodia triste até encontrar o ponto de chegada. Nada ali também. Fui até o rio e fiquei olhando o meu próprio reflexo sereno e quase tranquilo. Suspirei e fui até a árvore ali perto. Ali, encontrei um desenho riscado à força no tronco. Metade de um coração. O imprevisto nos impediu de concluí-lo. Lá estava eu, novamente, tentando compreender o que havia acontecido. Peguei um graveto e o atirei na água. Vi o meu reflexo tremer e senti a brisa fria bater em meu corpo. Olhei para o outro lado do rio e, pela última vez, pensei em você.