Entre Primaveras,

encontro-me só, com lápis e papel na mão.

Engano-me..

E aqui, no meio do deserto, encontro uma fração de ti.
Como a areia, que parece ser infinita,
sempre te encontro por aí...

Conjunção

Sentou-se num banco, longe de todos, para pensar no que tinham lhe dito. Ela nunca tinha trilhado um longo caminho, nunca tinha ido a lugar nenhum em busca de um grande amor. Tinha tropeçado em alguns obstáculos, mas nunca buscando alguém para amar, apenas ia seguindo o que lhe parecia menos turbulento. Mas ela encontrou o grande amor, mesmo sem nunca ter pensado nisso. Mesmo indo pelos lugares mais fáceis, eles se encontraram. E ela, de repente, parou e percebeu que, apesar de não ter buscado por esse encontro, os caminhos haviam se cruzado. O caminho longo e tumultuoso dele tinha, de alguma forma, se conectado com o dela, calmo, tranquilo e sem grandes mistérios. E ali, naquele banco, longe de tudo e todos, ela percebeu que o amor não é a busca infinda pelo outro e, sim, o mero acaso do encontro de duas almas que, por destino ou seja o que for, sabem que um dia hão de se encontrar.

Interior..

Existem coisas que são apenas do meu entendimento, porque apenas eu as conheço e as compreendo. Apenas eu as vivi e senti.

Deixe voar..

Amar de verdade é deixar a pessoa livre, porque existe a certeza de que, apesar da distância e do tempo longe, nada vai mudar.

Escrita..

Inventar uma história para escrever é tão diferente de criar uma ilusão.
Eu crio histórias todos os dias, há anos, e, muitas vezes, essas histórias são tão mais trágicas e dramáticas que a minha vida.
Porém, mesmo assim, eu as vivo, vivo, vivo.
Todos os dias.

Irônico, não?

Quantos mil defeitos tenho?
Quantos você já citou hoje?
Quantos foram ignorados?

Quantas qualidades tenho?
Olhando-me no espelho, foram todas esquecidas
Quantas você me fez perder?

Quantos erros já cometi?
Quantos fui induzida a fazer?
Quantos errei por teimosia de continuar igual?

Quantos amores amei?
Quantos sofrimentos porque era o que era...
e quantos pelo que nunca foi o que vi.
Quantos foram reais e quantos...?
Quanto de mim amei?

Estou indo para uma direção diferente da que você escolheu?
Quer me purificar, tornar-me santa?
Quer me levar para um templo onde, sinceramente, o único em silêncio é quem deveria falar mais alto?

O vento realmente levou..

E então? Qual era a razão de tudo isso? Já nem lembro mais...

Minhas experiências..

Tenho meu foco voltado para o nada. E, com o tempo, vou acrescentando coisas a esse nada, até ele se tornar tudo.

Falso Julgamento

As pessoas nunca sabem ao certo o que nos leva a fazer loucuras ou a desistir delas.
Por isso, o melhor mesmo é deixar a loucura dos outros para se preocupar com a própria.

Inverso..

Hoje em dia é tão normal fazer as coisas erradas que não criticamos o errado.
Em vez disso, aplaudimos o certo, porque este se tornou mais raro.

Vida

A vida é como o futebol. Quando vencemos, comemoramos e somos vangloriados. Quando perdemos, é tudo culpa do juiz.

Tempo Perdido..

Somos peças inúteis num quebra-cabeça já montado.

Os Cravos..

Angustiada, andando perdida pelas ruas, como se aquele caminho fosse me levar para o outro lado do arco-íris, como se tudo já estivesse planejado. Andando pelas curvas da cidade, da monotonia, onde nada mais fazia o menor sentido, onde eu me encontrava, cega, distante, mal encaixada.

Andei, andei, andei... até não agüentar mais. Senti-me desnorteada, como se tudo fosse um grande jogo, que agora tinha perdido a graça. Para onde eu ia? Por que eu ia? Por que não voltava? Será que todo o meu percurso valia a pena? Ou será que valeria mais a pena fazer todo o caminho de volta? Será que valia a pena largar tudo? Simplesmente desistir? Parecia sempre a melhor decisão, mas será que as agulhadas, as alfinetadas, o sofrimento que encontrei durante minha caminhada fariam o caminho valer por si só? Ou será que eu deveria seguir?

Olhei para os lados. Folhas voavam, pássaros já não mais cantavam, sombras não faziam parte da trilha, tudo estava vazio. Eu estava sozinha.

Depois de muito suor, muito sufoco, cantarolei uma melodia triste até encontrar o ponto de chegada. Nada ali também. Fui até o rio e fiquei olhando o meu próprio reflexo sereno e quase tranquilo. Suspirei e fui até a árvore ali perto. Ali, encontrei um desenho riscado à força no tronco. Metade de um coração. O imprevisto nos impediu de concluí-lo. Lá estava eu, novamente, tentando compreender o que havia acontecido. Peguei um graveto e o atirei na água. Vi o meu reflexo tremer e senti a brisa fria bater em meu corpo. Olhei para o outro lado do rio e, pela última vez, pensei em você.

Espectro..

Tua sombra já não me assusta
Ela carrega tudo de negativo
Pelo qual um dia me apaixonei

Remotamente..

Às vezes, prefiro ser sincera comigo,
admitir meus erros, quando não os quero ignorar.
Às vezes, olho meu reflexo no espelho
e fico satisfeita, por ser imperfeita,
do jeito que queria ser.

Iludidos..

Prefiro andar com a mente solta,
viajando pelas minhas ilusões,
inventar histórias...
Prefiro a diversidade da minha imaginação
à monotonia (sem graça) vivida pelos outros