Entre Primaveras,

encontro-me só, com lápis e papel na mão.

Inefável..

Caminhando pela rua, em plena primavera, vendo as pessoas e não as vendo ao mesmo tempo. Sinto uma presença, porém, não me parece algo real. Ora, mas como não? Não sei, só sei que sinto, parece uma sombra... Ah, não é, não. Parece alguém seguindo meus passos. Olho ao redor. Encontro-me sozinha nesse lado da calçada. Ninguém nota minha presença. Pois bem, o fantasma sou eu. Não é a questão.
Sinto um cheiro agradável, acompanhando a brisa que decidiu chegar para substituir o calor abafado que estava impregnando aqui até então. Um perfume gostoso, que me faz cócegas, começo a rir. Meus cabelos balançam e me sinto um tanto louca e um tanto confortável com a nova imagem que vejo de mim. Uma luz branca parece vir junto comigo. Pois então, não há de ser sombra. Olho mais uma vez para trás e paro de rir. Dou um sorriso. Preocupar-me com o quê? É presença conhecida (mesmo difícil de lembrar no momento), não há razões para ter medo ou para ficar preocupada com isso. Penso: Acompanhe-me então, companhia inefável.
Continuo caminhando e, de repente, uma chuva forte começa a cair. Sinto o frio aprazível apossando-se de minha pele. Olho para o outro lado da calçada, avisto um parque, sozinho, escuro, cinza. Do nada, vejo uma flor roxa. Mas que flor é essa? Não sei, mas a vejo linda, incomparável. Inacreditável.
Olho para os lados novamente. Não há ninguém. Quem pôs essa flor no meio do meu caminho? Como é linda! Fico perto dela, olhando-a, apreciando aquela beleza irreal. Do nada, escuto uma voz, que parece vir daquela flor (ou talvez venha da voz de um inconsciente meu desenvolvido):
-Oh, querida, mas que belo anjo que vejo a te acompanhar. Com uma mão em seu ombro, ele faz chover lágrimas de alegria ao beijar-lhe a testa e ainda lhe sussurra uma brisa tão perfumada, como se representando o amor em flor que sente por ti. Abençoada seja.
Ora, pois bem, então és tu minha companhia agradável, és por ti que me vejo a sorrir. Fico feliz, gosto de te ter por perto. Continue por aqui, fazes-me bem, inefável.

2 comentários:

intensamente profundo! Tanto quanto a autora!

 

Carol repete sentada no banco da praça:

É infefável viu? É inefável...

Nunca vou esquecer ^^

 

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